Vivemos tempos apressados, em que tudo precisa ser útil, prático e imediato. Nesse cenário, o cultivo do imaginário muitas vezes é negligenciado, como se fosse algo supérfluo, reservado apenas ao entretenimento infantil. No entanto, o imaginário não é mero passatempo. Ele é uma verdadeira morada interior, onde a inteligência, a sensibilidade e a vontade se desenvolvem.
O imaginário oferece à criança uma lente para enxergar o mundo. É através das histórias, das imagens simbólicas e dos grandes arquétipos que ela começa a compreender o bem, o mal, a justiça, a coragem, a beleza e a verdade. Sem essa tessitura interna de imagens, a criança não consegue formar pensamentos abstratos nem compreender as realidades mais elevadas da vida.
É no campo do imaginário que as potências da alma — inteligência, memória e vontade — são trabalhadas de maneira viva e orgânica. A criança aprende, por meio de contos, fábulas e boas narrativas, a ordenar seus afetos, a desejar o bem, a enfrentar o medo, a exercitar a prudência e a esperança. Cada história bem contada planta sementes de virtude e fortalece sua capacidade de interpretar a realidade.
Mas não são apenas as crianças que precisam desse alimento. Os adultos, muitas vezes, vivem com o imaginário empobrecido, sem referências de beleza, de transcendência, de sentido. E quando o imaginário adoece, adoece também a nossa maneira de viver. Voltamos a enxergar a vida com os olhos estreitos do imediatismo e da matéria, incapazes de perceber o invisível, o simbólico e o eterno que sustentam o real.
Cultivar o imaginário é, portanto, uma necessidade vital. Para as crianças, é a formação do olhar interior que as acompanhará por toda a vida. Para os pais, é a oportunidade de reencontrar a própria humanidade, de educar não apenas com palavras, mas com mundos inteiros que se abrem através da beleza, da poesia e das grandes histórias. Quem nutre o imaginário, prepara a alma para a grande aventura da vida — uma vida cheia de sentido, de esperança e de verdade.
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